quinta-feira, 30 de maio de 2013

Noite e Neblina - Download Legendado

Ano:1955
Tamanho:700 MB

O decreto Nacht und Nebel é o nome pelo qual são conhecidas as “Diretoras para a perseguição das infrações cometidas contra o Reich ou as Forças de Ocupação nos Territórios Ocupados", isto é, um decreto que entrou em vigência em 1941, a fim de legalizar a repressão e os assassinatos sistemáticos contra quem se opusessem ao regime nazista nos territórios ocupados pelo Terceiro Reich. Muitos anos depois, o Tribunal Internacional Militar de Núremberg declarou dito decreto como crime de guerra.
Em 1955, com as feridas muito recentes do holocausto nazista, o diretor francês Alain Resnais tomaria o nome daquele decreto para titular um documentário realizado a partir de material cinematográfico e fotográfico apreendido aos nazistas. Assim surgiu Nuit et Brouillard, um documentário com textos de Jean Cayrol, editor e poeta francês, membro da Resistência Francesa contra a ocupação; música do compositor alemão Hanns Eisler, amigo de Chaplin e Stranvinki; câmara de Sacha Vierny, diretor de fotografia de autores como Luis Buñuel e Peter Greenaway; e com a colaboração no roteiro de Chris Marker, diretor do clássico filme A Jetèe. Com esta equipe de colaboradores, e somado ao talento e a mirada aguda, poética e profundamente desconsoladora de Resnais, o filme não pode ser outra coisa que uma obra mestra do documentário. Não só pela execução formal da montagem e a fotografia, senão pelo ônus moral que denuncia a temática do filme: a responsabilidade coletiva de uma Europa decadente e fragmentada.
O nascimento do racismo, a atrocidade nos campos de extermínio, a mirada esquiva da indiferença, a culpa histórica e a necessidade de voltar ao passado para reafirmar o absurdo da guerra e o genocídio, são estes os temas que se desprendem de Nuit et Brouillard. Assim o diz Jean Cayrol:
Ia formando-se uma sociedade, esculpida no terror, ainda que menos enloquecedora do que a dos SS, cujos preceitos indicavam que a propriedade era a saúde e o trabalho era a liberdade, a cada qual o seu. Um pordiosero era um morto, mas um SS não. […] Ao contemplar estas ruínas, nós cremos sinceramente que nelas jaz enterrada para sempre a loucura racial, nós que vemos desvanecer-se esta imagem e fazemos como se alentássemos novas esperanças, como se para valer crêssemos que tudo isto pertencesse só a uma época e a um país, nós que passamos por alto as coisas que nos rodeiam e que não ouvimos o grito que não cala.
Em 1956, Alain Resnais apresentou Nuit et Brouillard no Festival de Cannes. Foi a apresentação de uma obra que rompia com a falsa idéia do bem-estar capitalista que começava a germinar em Europa. Uma obra que não se limitava a apresentar um relato ou um relatório sobre os fatos, ao pior estilo jornalístico. Não: travava-se mais bem de um documentário que expressava o horror de Auschwitz desde a perplexidade e o silêncio, desde o autoanálisis, desde a consciência do reconhecimento da igualdade do “outro”, uma forma de resistência contra os discursos dominantes. Uma forma de manter viva a chama da consciência histórica, a solidariedade como exigência e compromisso para uma humanidade caída na desgraça.

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